Isabel, Weber, Cândida, Francinete, Elina, Nivya, Márcio, Julinho, Olinda
Vexame
Durante a fala da diretora do hospício local, na II Conferência Estadual de Saúde Mental, ela teve a infeliz idéia de tentar por uma camisa de força (ideológica) no companheiro Rogelio Casado.
Pra quem não o conhece, ele foi o fundador da Associação Chico Inácio, coordenador do Programa Estadual de Saúde Mental (AM) e, atualmente, é Pro-Reitor de Extensão da Universidade do Estado do Amazonas.
Ora vejam o disparate! A referida criatura pediu que ele se retratasse por ter dito que a instituição psiquiátrica era uma instituição da violência. Fato que ocorreu durante a Conferência Municipal de Saúde Mental.
O companheiro, ao perceber que tratava-se de uma manobra divisionista, pediu o direito de resposta, depois que os usuários de saúde mental da Associação Chico Inácio solidariamente passaram a dar exemplos de violência. Tanto que acabaram por desmascarar publicamente um dos agentes da violência presentes no evento.
Com habilidade, o companheiro deu uma singela lição de como a violência institucional, para ser capturada pela percepcão do homem comum não precisa de estudo acadêmico. Só sabe onde o calo aperta quem já provou da violência sutil ou escanrada da instituição manicomial.
A propria diretora, que já teve o braço quebrado por um "paciente", esqueceu que teve no corpo a marca da violência que regula as relações em qualquer hospício do planeta.
O incidente protagonizado pela diretora do hospício abriu espaco para revelar os agentes da contra-reforma psiquiátrica. O discurso dessa turma passou a ser identificado pela plenária.
Talvez por isso, acertadamente o companheiro Rogelio Casado, ao isolar ess tipo de discurso, propugnou pela unidade da conferência na luta contra discursos conservadores mais disruptivos, como o da ABP - Associação Brasileira de Psiquiatria, que, certamente, vai mandar sua tropa de choque para a IV Conferência Nacional de Saúde Mental, a ser realizada no mês de junho, em Brasília.
É preciso tirar lições desse incidente. Embora o companheiro Rogelio Casado mereça nossa estima, pensamos que a residência médica em psiquiatria (RMP), criada por ele quando coordenador do Programa Estadual de Saúde Mental, está a merecer urgente reformulação, sob pena dela vir a se colocar como um agente da contra-reforma psiquiátrica. Oxalá não estejamos diante de um ovo de serpente!
Embalado pelo episódio anterior, um jovem médico, ali recém-formado, resolveu brindar a platéia com duas perólas do ideário conservador (tão jovem; que lástima!): primeiro, ao atribuir à reforma psiquiátrica a existência de "doentes" que perambulam pelas ruas; e, segundo, isentar a ABP de qualquer ideologia contrária à reforma psiquiátrica.
Além dos conteúdos técnicos obrigatórios ao exercício da atividade profissional, que conteúdos ideológicos (não menos obrigatórios na complexa abordagem do fenômeno da loucura presente na nossa civilização) estão sendo ministrados? Dá-nos a impressão de que a RMP caminha numa perna só. Só nos faltava esses reformistas-sacis, pulando numa perna só. Tenham dó!
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